quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Mantras Anônimos

 As palavras serenas,
como calmas águas vão
diluindo-se em sons, pedras...
Na alma pura e só.
Batem como canção
de amor e amizade, 
no coração.
Não é viceral vêio de
dor, em ardor, volúpia
insana, espinho.
Somente paz sensata.
Apazigua o furor
cheio de paixões torpes,
desvairadas.
Nem sempre insólitas,
as vezes amiúde...
nem sempre sendo
presentes, ausentes...
Mas acompanhando
quem as leva junto à alma.

domingo, 19 de agosto de 2012

Noturno

Longos dias no qual as
 distâncias não se
 dissipam, nem mesmo
na profundidade
dos sonos, da noite
silênciosa  e escura.
A tristeza simples
e calma soa amiúde.
Delicadamente
as notas tristes do
piano tocam com
a harmonia da dor
e cada dor que eu
sinto tocam com as
notas de uma triste
noite ansiosa e
desassossegada.


sexta-feira, 1 de junho de 2012

Ecos - Alma da Terra

A sombra do eco 
reverbera...
na solidão da paisagem
verde,
verde...
Das gramíneas semi-mortas.

No coração da terra
a solitária flor surge...
como o eco do vento sem destino...
E na turbulência de vozes 
o silêncio prevalece...e morre...

Em ecos e em coro
as vozes pulsam, pulsam
definhando-se, 
somatizando-se...
decapitadas.

E degoladas não morrem, 
não é morte!
Como suspiro profundo
ecoa e choca, 
como fome...
que faz chorar.

E sem eco, sem choro, 
sem grito, canta!
é o hino que vive
com a flor que pulsa...
como flauta solitária
e esperançosa...






domingo, 29 de abril de 2012

Rupturas...

A pueira da rua se expande...
o som do saxofone a engole...
a mulher bêbada e excitada
deixa o copo cair...

O chão embriagado
com a baba dos andrajosos...
embebecidos com o sereno
vomitam  a semente branca...

a flor sozinha na noite...
balança suas pétalas...
e  seu odor é levado pelo vento.
os pombos defecam em seu polén...

A palavra na placa é cheia de geometrias....
e as silhuetas trafegam sobre pedras...
Outras empurram pedras.
E as pedras camuflam as sombras.

O abajur está ligado...
a cadeira balança de um lado
e, do outro, o corpo semi-nu se lança...
e um bofejo preenche a alcova...

A sua palavra revela o medo.
O medo é enquadrado no papel...
o papel é selva.
O pensamento observa a silhueta nua.

Lá fora passa uma arca...
veloz e extridente desperta as vozes...
as vozes  musicais se engolem e se silênciam.
A silhueta nua sente-se só e chora.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Potência e Ato nas Hélices do Ventilador: Poles

A criança chora no âmago quente da mulher...
A cidade monótona espera a aparição de algo...
O andrajoso sentado no paralepípedo espera
do ontem o amanhã...
As pessoas passam, todas anseiam...
algumas esperam, outras passam...
Mas todas anseiam...
O tempo delas variam, o esperar é variável,
é relativo, é incerto, é inconcluso é potência...
As almas das gente é cheia de tempos inconclusos e inoperantes...
O espírito delas imediatistas, giram com as hélices
do ventilador... sempre monótono, sempre insatisfeito...
A estética das damas é aberração às curvas da cidade...
A cidade girando, girando, vai retornando ao mesmo nada.
E embriagando-se com o vapor do dia,
dorme uma noite cheia de fumaça e buzinas esparsa e
gritantes.


terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Estrada

Na saudade da estrada cheia de vontades, a minha paz agora eu faço.
Andar pelas noites, pelas manhãs e na chuva que faz florir e conhecer o sabor do sorriso da paz.
Simplesmente cumprir a vida deve ser ir tocando em frente a composição de sua história carregada da capacidade do dom de ser capaz, pois agora estrada eu sou e pela longa estrada eu vou.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

EU E ELA

Sei que as vezes não agradamos em todos os momentos, então me resta cuidar do jardim que nasce flor.
A desculpa e aceita pois todos os dias busco o sinal da estrela que brilham em paz, e mesmo assim os anos se passaram, e quem eu queria bem me esquecia.

sábado, 17 de dezembro de 2011

bombardeio meu momento de idéias sonhos e mente, pois nas margens de mim o vivo ainda vive.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

ela

Quando você esteve aqui, não olhei nos seus olhos,
e não percebi o mundo bonito que trazia para mim.
Nas margens de mim percebi o que perdi.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

bota o pé na estrada

Pelos passos dados em um chão replento de histórias, vontades e sonhos, ainda existe muito coisa para se mesmo. Ainda existe um mundo de verdade para nós.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

A Solidão - A menina-moça, a metrópole e o telefone.

A porta fechada é aberta e logo batida pelo vento... um suspiro profundo espande-se no quarto, a luz do quarto acesa, novamente um pronfudo suspiro perde-se no silêncio [...]. As mãos finas e leves retiram o telefone do gancho [...]. Espera um momento - pensa - solta um novo suspiro e deita o fone no gancho. Por um momento com a cabeça entre os joelhos chorou. Um choro calado e pesado [...]. Passado algum tempo ali com o corpo despido, o rosto vermelho e marcado pelas lágrimas passa suas mãos leves pelo cabelo e resolve tomar um banho quente. O vapor d'água sobe pelo vidro do boxe do banheiro, não permitindo que as formas do seu corpo fosse perceptível impedindo as lágrimas de seu rosto de serem visualizadas. tendo o som da água ao cair sobre o seu corpo abafando os soluços de seu choro. Durante uns quarenta minutos debaixo da ducha o seu telefone toca repitidas vezes, mas é impedido de ser escutado pelo vidro do boxe e acaba por se calar. A água da ducha para de cair, a porta do boxe abre-se, a do banheiro também saindo com o corpo todo envolto pela toalha e os cabelos úmidos ainda a pingar aguá. Ao sair do banho o telefone toca novamente forçando-a a correr em sua direção, deixando a toalha cair no chão de tacos e molhando o chão com o balançar de seus cabelos, com a respiração ofegante retira o fone do gancho e fala com sua voz rouca pelo muito chorar, e espera [...]. - É você? -, ela pergunta para a voz muda do outro lado da linha, o silêncio faz-se mister no diálogo ( monólogo) mudo entre as duas pessoas, quando novamente ela pergunta um pouco mais calma, mas fria, com a voz pastosa, - É você? Se for, por que está ligando para mim, o que você quer? tudo acabou entre nós, não temos mais nada, eu lhe disse! -. A voz do outro lado da linha permanecia muda, e misteriosa, a fragilidade da jovem menina-moça que era estampada no muito chorar de seus olhos já não condizia com sua rudeza e força que expressava. A voz muda permanece calada, e por fim o único som que ouvi-se do fone é o eco das batidas compassadas de uma ligação desligada. Ela ainda permece alguns segundos com o fone no ouvido, após isso ela abaixa-o juntamente com sua mão apoiando-a em seus joelhos, e não aguentando permite que vagarosamente filetes de lágrimas brotassem de seus olhos vermelhos de tanto chorar, apoia o fone no gancho, e com o rosto entre as palmas de suas mãos desata a chorar, e em soluços profundos, como de criança, como de morte, seu choro escorre entre seus dedos. Seu corpo desaba sobre a cama, seu rosto escondido no trabeceiro chora, chora, molhando o pano. A luz do quarto é desligada, seu corpo prostado na cama de bruço chora [...] e a noite vai passando.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

A Porta se fecha, e se Abre

Pá! Pá! Pá! Pá...!
A porta bate... bate
e o rosto na janela permanece [...].
O vidro molhado por gotas d'água[...].
Lá em baixo o 'coche' parte... e os olhos
tristes despedem do amado... - Não vá -
fala as lágrimas no rosto para o vulto que
se distância da janela... do quarto... .
A porta bate... bate... e a saudade
não cessa, mas se agrava, se entristece.

Por Que? Por Que Tem de Ser Assim

Por que?
Poque teve de ser assim?
[...]
Por que teve de ser assim...
[...]
Eu tentei... como tentei...
chorei... e nem um sorriso me devolveu...
[...]
Por que?
Por que tem de ser assim?
[...]
Eu sei que quando o medo passar você pode
voltar a me amar...
Eu sei...
Mas eu tenho medo... medo... de estar... de ser...
de te amar...
Por que?
Por que tem de ser assim?

terça-feira, 14 de junho de 2011

um dia


A vezes em um instante, o vento sopra a favor.
A vida não para , e dela extraio a beleza de um sorriso.
Sorriso que alegra uma vida.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Passos




Meu coração bate sem saber,
do porque da solidão em mim.
Já disse adeus antes de alguém me chamar.
Quem sente, agora esta ausente,
e a ausência se perpertua nas lembranças dos meus passos.

sábado, 27 de novembro de 2010

O Que Há?

Os caminhos parecem obscuros, parecem cheios de troncos, de sussurros, de imagens....
Quem somos?... Os sorrisos... O desespero na ira é estampado no rosto dos fracos...
Encomodo-me...
Quem somos?...
Seus olhos penetram no meu ocupando o lugar que 'me pertence', seus olhares 'me ameaça', eu te ameaço e em múltuos sosláios obscureço-me na penumbra dos pensamentos que enradiam-se de meu ser...
Quem somos?...
O coração ira-se e...
As palavras são os reflexos obscuridos que o ser que pertence-me sente...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A Confissão De Um Sosláio Ao Retrato... Saudade...

O corpo gelado...
Os pingos escorrem da cabeça... o corpo treme...
-Por que está chorando menino...
Fala a voz suave....
O corpo gelado, a fronte gelada, empapadas de gotas d´água...
a voz trêmula fala...
- Senhora a chuva cai, tudo frio, cinza triste, entristecendo o fogo que acendia-se
nos olhos de quem amo...
Triste o menino fala ao retrato empossado na estante lavrada e esculpida pelo tempo...
D´alma...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Lembrando



As flores, tão belas e tão serenas são molhadas pelas gotículas do sereno brando, encharcando as moradias dos assobios dos pequenos pássaros que em pequenas lufadas vagam pelos campos.


As árvores a balouçar com a brisa suave, causa leveza ao ser. Assim como o aroma suave das flores a exalar sua essência pela paisagem subjetivada e pintada pelos sentidos.


O espirito vai trafegando no querer mais profundo da existência, o amar, que só se traduz no sentido único da música e assim, a imagem só traduz-se se houver pertencimento ao espaço.

Pedras e Ohares; Pólis...

Lento, em passos miudos, vão as pernas do homem solitário. O seu assobio ecoa baixinho pelos meandros da paisagem, reverberando em cacofonia nos ambulantes ouvidos.
As vias de pedras marcam o sentido frio e estático do ambiente mórbito, escondendo nas profundesas de seus lugares a vida calada e sofrida a se reproduzir sem findar.
Lento e miudo, o vento vai caminhando pelas vias da floresta imortalizada pelas ruínas resguardadas na paisagem, no tempo das memórias.
Lento, os olhos perscrutam, os sosláios trafegam pelas paisagens a recriar espacilidades já inexistentes no real, percebendo os iguais a vagarem sem prumo pelas estradas calçadas pelas frígias pedras do tempo do ser.
Assim, macambo e quieto, os olhos vagam pelos cantos das ruínas, ainda vivas, a perscrutar a existência de resquícios, mínimos, de vivências que recorrem a sua própria. Acabando por tornar-se solitário, calado no universo do pretérito perfeito do ser.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010


SÓ HOJE VOU OUVIR UMA PALAVRA SUA,

SÓ HOJE VOU TE VER,

SÓ HOJE VOU SORRIR,

SÓ HOJE VOU ESTAR COM VOCÊ.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Os Cantos

Soa as odes celetiais...
sinos tocam...
Sou levado pelo som do silêncio...
Ecoam...
Todo o meu ser trafega nas paisagens da imortalidade...
Sons...
em cantos resplandescentes em m'alma...
Paz...
Como em uma gravura mediêva, eu a esperar a
Parusia...
Encontro-me diante dos cantos gregorianos a reproduzir os Salmos...
E prostrado nos jardins celestes sou levado para as profudezas da existência...
paro de existir, e em lufadas temperadas meu corpo torna-se parte do que ouço...
E meu espirito é tragado pela eternidade...

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Poéticos...

'Convives com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência...'
Mesmo que nas veias, a pulular, façam as suas artérias galgar
os nervos e os músculos que compõe o vosso 'cadaver', o vosso
Ser...
- Mas recalcitrante persisto em conter-me na atmosfera ...
dos loucos.
E mergulhado na minha própria insanidade;
descrevo lugares que existentem somente em mim.
E nos meandros do meu ser sinto o cravo fatal das palavras
a serem guspidas para o abismo da realidade...

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

J'espère


Si la pluie l'aube jour
Je veux qui vous sachiez
Encore attende pour vous
La vie continue, Je sais
Avec vous pas besoin d'autre chose
J'espère qui pour vous sur ma route.

J'espère pour vous.

Daniel

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Segure




A onda ainda quebra na praia, e a espuma do mar ainda se mistura com o vento.
Levante e veja a saudade daquilo que ainda não foi.
Olha o caminho perto de você.
Uma estrada sem ninguém.
Só você, nas certezas e nas dúvidas.
A última pessoa no dia que o sol dormiu.
Daniel

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Lugar


Por onde ando nestas ruas de árvores, me sinto um pouco pensante aonde estou.
Crescente e tímida, parece que as vezes ela se esconde de certas coisas que acontece.
Será porque isto acontece.
Não sei.
Dever ser o medo de um presente não esperado por alguém.
Esperança existe, mais o medo também.
Vejo, mais não sinto mais as coisas que sentia antes.
As coisas mundam aonde tudo é asfalto.
Espero ver o sol deitar no final da tarde.
Um único abrigo, aqui neste lugar que ainda existe,
dentro de janelas que não deixam a primavera entrar.
Gente a sorrir, gente a chorar, encontros e despedidas.
E a vida aqui neste lugar.
Daniel

Tarde


Aonde você está
Simplesmente posso esperar aqui por você
uma tarde inteira
Espero que esteja bem
Deixo um simples recado no final da tarde
Uma simples saudade,uma simples vontade de te ver denovo.
Daniel

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Você



Que bom ser feliz em momentos perto de você.
Eu sabia que as estrelas não estavam erradas.
Sempre me mostrando o quanto é bom estar perto de você.
Rir com você, conversar com você.
Estou aqui agora só pra te ver feliz.
Estou aqui agora pra ver seu sorriso feliz.

Daniel

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Na leitura existencial do encontro e desencontro da amizade monumental nos passos dados na luz da lua, me firmo como os murros ciclópicos Tebas, pois ninguém a de destruir uma parte de tudo.

domingo, 19 de setembro de 2010

Em meus Lábios,
por uma ferida escorre
Gota a gota o seu nome
Escritas com orvalho de sangue
Palavras secretas de obcessão e dor
Rasgadas na carne elas nunca somem
Mas são escritas de

AMOR


Ingryd

domingo, 22 de agosto de 2010

Elhise

De saltos largos e de arremessos precisos, ela faz pontos.

Balança a camisa e demostra força.

Que jogo bom.

Eu, só na arquibancada, vibrando com cada ponto.

Eu gostei de tudo.

Gostei de vê-la jogando.

E gostei do sorriso da sua vitória.


Daniel

sábado, 21 de agosto de 2010

Mestre Carreiro

Ôooooooooooooooooooooooooooo boiiii! Aaaaaaaaanda! ôooopa!
O mestre vai levando o carro pelas pirambeiras, o candieiro solitário vai à frente, entre grotões e as saudades. Longe num galho tortuoso e cascudo, sisudo donde uma orquídea brota graciosa e "unicolor", é única no sertão. Ouve somente o canto do pinhé escondido no bingueiro distante, clamando a solidão e a saudade, na conformidade do seu canto:
Pois é! Pois é! Pois é!
O passo no sertão é marcado pelos passos do boi, que vagaroso segue o canto do pinhé. O mestre exclama,
'Menino, saí daí! oia o desbanrancaaaado sô'. O compasso dos bois aumenta.
Sombração!
Num só prumo o caboclinho pula o grotão para a outra margem, fugindo do compasso marcado até então, não valsa, catira os pés no chão.
' Uê ! que lá foi isso padim, Deus que nos cuide!'.
O grotão nascente e misterioso engole o carro e os bois, o mestre desaba no chão seco e pardo, sendo tragado pela poeira vermelha, com os olhos sem vida não percebe a carreira de desgraças que tragou parte de seu corpo, de sua consciência de sua alma, os bois e o carro.
O candieiro prostado no chão, vê somente as cangas e o par de rodas despedaçados e lascas de madeiras cravadas no coro mestiço dos bois turbados no chão.
'Se tá vivo padim!?'. Em meia à poeira vermelha o menino tenta reanimar o mestre desacordo pela queda brusaca no chão, ouve-se somente uma lamuria solitária,
' Carma, o sol ainda 'tá crescente, o eixo já 'tá pronto e a junta de boi já 'tá trenada'
Assim o Mestre Carreiro segue a toada a tocar a vida no ermo, no sertão.


quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Demora

Casa na Roça - Bianca Gens

Fim do dia, e nem sinal da minha flor.
E nem de longe tem sinal.
Por causa de que da demora.
Em que hora vou abraça minha senhora.
Por onde anda minha flor.
Por onde anda o meu amor.
Cabou a demora.
Lá de longe no horizonte quem acaba de chegar.
Não.
Não é ela.
Veio uma carta que mandou pra mim.
chama a professora, chama sem demora.
Chama a professora pra ler a palavra da minha senhora.

Daniel

domingo, 15 de agosto de 2010

Sombra



O dia amanheceu, e o destino aqui me trouxe.
Que bom pudesse arrancar de meus pensamentos,
e sepultar a saudade em noite de esquecimento.
A minha sombra não deixa, pois ela é igual a sombra do meu corpo.
Pelos caminhos da vida, ela sempre está presente.

Daniel

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Eu sei...

eu sei...
Foto de Miriam Galdino - EU SEI...



“...eu comprei uma casinha tão modesta
eu sei, você não liga pra essas coisas
te darei toda a riqueza de uma vida
o meu amor...”

Isabella Taviani

O Vivo está Morto...

O vivo está vivo!. Os sons antes calados, aos poucos tomam corpo, tal como o corpo, antes inerte, na tábua áspera e seca. O corpo do vivo, aparentemente morto, fala em balbúcios insondáveis palavras mortas, deixando-as perder-se nos ouvidos surdos dos corpos estáticos e aprumados, que se ocupam a lhe perscrutar com soslaios ávidos pelo inesperado. O silêncio persiste na paisagem sonora da alcova, deixando o espaço sobrecarregado pela neblina de sensibilidade, inquietando as cabeças recostadas ao estofado das cadeiras nos cantos da alcova.
O corpo geme devagarinho ao mover-se, deixando os olhos dos fantasmas lhe percorrerem com assombro e angustia, os músculos de sua boca se movimentam, formando uma meia lua com apenas um chifre, comunicando ao cognitivo dos corpos sua aparente saúde frágil, mas viva. Compreendendo de imediato que não funcionava, solta balbúcios, palavras mortas, dando a entender que o vivo ainda vive.
A porta fechada se abre bruscamente, deixando as lágrimas se retirarem em silêncio e profunda angustia, sendo seguida por um coração apertado e indeciso, confuso e ambos saem a ficarem consolando-se um ao outro. Do lado de dentro as mãos frias, gélidas se arranham e se cruzam pensativas acerca dos fatos, a observar a cabeça prostada no encosto da cadeira, com aspecto de transe, de inconsciência, com profundas meditações.
O vivo volta a se remexer soltando um suspiro profundo e sofrido, recostando a cabeça um pouco mais alta no espumado traveseiro em fronhas brancas e com os olhos lacrimejantes, pálidos tenta balbuciar uma palavra sem comunicação, tornando-se inquieto e com aspecto irritadiço. Os pés chorosos voltam para o cenário da alcova defrontando-se com o olhar desesperado das mãos e da cabeça angustiados com a imagem desolada, logo os ombros decaídos, antes confusos, também penetram no átrio da dor, cuja cor amarela vai deixando latente os aspecto apático do grupo de deslocados, a persistirem com a vigilia, mesmo com findas esperanças de fortuna.
O vivo observando todos os soslaios a lhe perscrutar, ora angustiados, ora constrangidos em lhe observar com tamanha confição de desesperança, recosta a cabeça para atrás em uma fadiga pulmonar inconsolável, lhe retirando os ultimos fios de estabilidade, compreendendo logo os desespero dos corpos, dos olhos dos fantasmas, e com findar da percepção observa os pés se retirarem da alcova, para logo em passos rápidos o retrocesso de mais pés. Estes lhe metem um plástico na boca a soltar fumaça, e aos poucos seu torax vai acalmando, os corpos vão se aquietando, talves principalmente pela presença dos anjos brancos de cabeça aos pés.
Ao retornar um pouco da persepção, o vivo percebe que os corpos vão se retirando permanecendo somente dois anjos ao seu lado, lhe observando profundamente. todos os pés retirados da alcova, angustiados e com fiozinho de desespero, tendo o peito apertado, inconsoláveis, parecendo que o espaço lhes comprimiam, se assentam no banquinho vernizado com um estofado fino, permitindo que a dureza da madeira lhes fossem percebida. Estes com as cabeças prostadas sobre as mãos sentem-se frígios e atônitos, impacientes.
Os anjos sensibilizados pelas neblinas da dor vão se encolhendo, se envolvendo com a própria dor e quando não dá mais, investigaram o vivo prostado na barca. Ao consultarem, perceberam suspiros levianos bofejados por um ar quente, dando-lhes o entusiasmo da melhora. Ao sairem da alcova para consolarem os corpos, o relógio da vida cessa e suas passadas verdes na tela tornão-se lineares, e o alarme da morte soa, retroscedem rapidamente junto ao corpo e com ferros a soltarem filetes de raios vão tentando reanimar o coração letárgico, mórbido e por algum tempo fios de esperança lhes povoa o peito, ao ponto de soltarem sonoras e sussurradas palavras -Vamos lá, vamos lá rapaz! -. E em vão tentaram recobrar a vida já ceifada pelo ceifero, lhes restando a imagem impassível do corpo sem vida.
O vivo expira, indo a navegar no rio sobre a barca. Os vivos deslocados e impassíveis, em prantos desesperados, ora agudos e estridentes, ora passíveis e miudos, vão acomodando a dor no coração comprimido e deslocado.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Chão

Cheirinho de roça...

Cheirinho de roça - Ramon Assis

Corto minhas folhas para a prosa surgir no fim do dia.
E dali fico, prosa em prosa vivendo pra ser feliz.
Converso com as nuvens.
Converso com as estrelas.
Namoro com a Lua.
E no dia seguinte, o sol aparece, e lá vou mexer com a roça.

Daniel




sábado, 24 de julho de 2010

O encanto daqui

"A Roça" de Gustavo Salgado. fonte cachulhoa.blogspot.com/


Na espera do olhar, o vivo vive

e do abrir da janela , deixo o vento entrar

esperando o sol deitar sobre os braços do sertão.

Canto o cantar do encanto que me encanta aqui

e toco a prosa das coisas que me faz feliz.

Sinto a vida aqui.

Sinto o amor aqui.



sexta-feira, 23 de julho de 2010

A linda Flor

Flor de Pequi

O que é estar em um momento perto de quem se gosta.

Há muito tempo eu gosto daquele sorriso, daquele olhar, daquele jeito de ser.

Porque então não disse a ela.

O tempo passou, mais a lembrança não.

Enraizada dentro de mim, se mantém até hoje.

Parece que agora depois de uma prosa, palavras surgiram, o caminho surgiu.

Como é bom abraçá-la, como é bom tê-la mais perto.

Agora chegou a hora de aparecer.

Vou andar por este caminho que surge.

Pois eu quero ver a flor.

Daniel

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Espera


Na casa de um sertão vivido, o momento espera
Do grito da mulher vida, o surgir espera
Preocupado em um canto esquecido da casa, o homem espera
Da água, tesoura e pano, a parteira espera
E do surgir que chega, o choro não chega
Tristeza chega em frente ao um rosto sofrido e vivido de uma vida que não chegou
Tristeza no sertão vivido.

Daniel

sábado, 17 de julho de 2010

Ela

como me vê
como me toca
como me sente
saudade dos belos cabelos
do belo sorriso
do belo olhar.

Daniel


quinta-feira, 15 de julho de 2010

Saudade

Com o silêncio das estrelas que brilham em paz,
de longe, mais presente,
sinto o vento trazendo pra mim a voz da lembrança.
Tempos e vidas cumpridas, na poeira,na estrada,
e nas estórias contidas nas porteiras em noites perdidas.
Os caminhos mudam com o tempo onde tudo é floresta.
Saudade de coisas ainda não vividas.
Existe uma vida
Existe uma vida vivida
sentida e sofrida que me faz por inteiro.

domingo, 6 de junho de 2010

Ela

Na poeira da estrada de chão, caminho por meu sertão, nação da minha estrela.
E no dia que é luz, e na noite que me seduz, o meu coração abre a porteira pra vida.
Mais de um sol clareando no chão, logo adiante me encanto com a cor e beleza do belo.
Leve,linda e única, admiro todos seus gestos no espaço.
sim, venho amá-la nesta noite.
Sim, venho abraçá-la forte nesta noite.
Um dia especial no tempo da minha história.
Daniel

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Insônia

Bom esse é meu primeiro post aqui no blog espero que gostem dele.

Considerando que oito horas de sono são o ideal para uma pessoa, quase oito horas de sono devem ser quase o ideal. É lógico. Então, se eu conseguir dormir até a meia-noite e acordar amanhã às sete e vinte, está ótimo. Ou quase ótimo. Vou acordar feliz, bem-disposta, capaz, praticamente recuperada. Se eu dormir até a meia-noite. Ainda tenho cinco minutos. Cinco minutos é tempo de sobra pra uma pessoa pegar no sono, quer ver? Vou pegar no sono em cinco minutos. Boa noite. Estou quase dormindo. Quase. Dormi. Não dormi? Acho que não. Mas vou dormir agora. Senão os pensamentos começam a entrar na minha cabeça e aí, minha filha, nunca mais. Um pensamento puxa outro, que puxa outro, parece até que pensamento tem corda. O negócio é não deixar entrar o primeiro, tá vendo? Foi só começar a pensar em não pensar e quando eu vi já estava pensando em pensamento com corda. E de corda pra acorda é um pulo. E é melhor eu não pensar em acordar senão eu não consigo dormir. E eu preciso estar inteira amanhã. Ou vai ser uma tragédia. Calma, também não é assim. Ainda tenho cinco minutos pra pegar no sono. Se bem que agora já não faltam mais cinco, quantos minutos se passaram até agora? Esquece e dorme. Boa noite. Dormi. Não dormi? Se eu tivesse dormido não estaria pensando se dormi ou não dormi. Estaria dormindo. Isso prova que não dormi ainda. Amanhã vou acordar um lixo. E tenho um dia dificílimo pela frente, com uma lista enorme de coisas pra resolver: vinte minutos de meditação ao acordar, ginástica às oito, reunião às dez em ponto, consertar o carburador do carro, desmarcar o dentista, comprar tinta pra impressora, ligar pro Geraldo, esquece o Geraldo e dorme. Você já trancou a porta, já fechou o gás, já tomou seu banho, já foi à cozinha, já bebeu seu leitinho quente, já pensou em quantas calorias tem um copo de leite, você já se preocupou demais por hoje. Você precisa dormir. Isso. Eu preciso dormir. Então, boa noite. Tem certeza de que eu tranquei a porta? Tranquei, sim. Fechou o gás? Claro. Não lembra? Logo depois do banho. Fechei o gás, fui à cozinha, bebi meu leitinho quente, quantas calorias tem um copo de leite? Eu não devia ter botado açúcar pra depois não ficar culpada. Depois eu fico culpada. Agora eu vou dormir. Já me preocupei demais por hoje, e amanhã, não, eu não vou pensar no que tenho de fazer amanhã. Tenho um dia dificílimo pela frente, com uma lista de coisas pra resolver, e se eu não dormir até meia-noite e meia, uma hora, vou terminar pulando a meditação. É uma opção. Faço ginástica às oito e de lá vou direto pra reunião às dez em ponto no Centro, vou de carro ou vou de táxi? Amanhã você resolve isso. Certo. Eu resolvo isso amanhã. Boa noite. Mas eu já tenho coisas demais pra resolver amanhã, assim não vai dar tempo. Será que não é melhor ir pro Centro de táxi pra poder ir resolvendo outras coisas no caminho? Está resolvido. Amanhã eu resolvo o resto. Boa noite. Se eu conseguir dormir até uma e meia e acordar às nove, já está bom. Pulo a meditação, falto à ginástica, pego um táxi pro Centro e aí só falta resolver o resto da vida. Mas eu tenho o dia inteiro pra resolver tudo. Ligar pro Geraldo, terminar o relatório, passar no supermercado, chamar o homem da televisão, esquece o homem da televisão e dorme. Já deve ser bem mais de uma. Olho o relógio ou não olho? Se eu olhar e for muito tarde, vou ficar nervosa. Mas se eu não olhar vou ficar imaginando que é mais tarde do que é na verdade e fico mais nervosa ainda. Esquece o relógio e dorme. Boa noite. Não vou pensar em amanhã, não vou pensar em hoje, não vou pensar nas horas, não vou pensar em nada. Nadinha. Um nada absoluto. Pensar em nada é pensar em alguma coisa? Olha aí eu pensando de novo. É por isso que não durmo. Durmo, sim. Quer ver? Vou contar carneirinhos. Um carneiro, dois carneiros, três carneiros, quatro carneiros, pronto, agora o quinto carneiro enganchou e não quer entrar no meu pensamento. Vem, carneiro. Por favor. Tá fazendo o que aí fora? Arranjou uma namorada, foi? Então já são mais dois carneiros, ele e a namorada, fora os filhotinhos que eles podem ter, olha só que maravilha, vão ser não sei quantos carneirinhos pra contar. Vou dormir na hora. Venham, carneiros. Um de cada vez. Podem entrar. Esses carneiros estão de implicância comigo. Estou começando a me irritar. Daqui a pouco cometo um carneiricídio. Assim que eles entrarem. O problema é que eles não entram. Esquece os carneiros e dorme. Será que, se eu pensar em capim, os carneiros entram pra comer o capim? Capim. Capim. Carneiro come capim? Esquece o capim e dorme. Já devem ser quase duas e você aí acordada. Amanhã vai estar um lixo. Eu não vou estar um lixo amanhã pela simples razão de que vou dormir agora, quer ver? Boa noite, dormi, não dormi?, ainda não. Mas vou dormir imediatamente. É só não pensar em amanhã porque amanhã eu tenho um dia dificílimo pela frente com uma lista de coisas pra resolver: chamar o homem da televisão, comprar queijo ralado, dar uma passadinha no laboratório pra buscar os exames, descobrir se carneiro come capim, não acredito que já é de madrugada e eu estou aqui pensando em capim, esquece os pensamentos e dorme, vou dormir, você não pode pensar em amanhã, eu não vou pensar em amanhã, não vou mesmo, de jeito nenhum, amanhã eu tenho um dia dificílimo com uma lista de coisas pra resolver: descobrir se carneiro come capim…

Crônica de Adriana Falcão.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Espaço

No andar pelo espaço em um tour social,
as minhas roupas, falas e gestos,
estampam as cores de uma beleza do caos atual.
Imagens quebradas.
A miséria, a fome em mil esplendores,
no planeta neanderthal.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Nós

Existe perigo na esquina
para aqueles que não venceram o sinal.
Cheiro de sangue no asfalto
lhe conto as coisas que não aprendi.
A esperança no fim, a revolução sem existir.
Atentados humanos viram shows
para aqueles que nunca estão no controle.
Nos tiraram o direito, nunca deram pra nós.


sexta-feira, 14 de maio de 2010

Pobreza absoluta no Vietnã cai para um terço em catorze anos


06/05/2010 | Breno Altman | Hanói e Ho Chi Minh

Pobreza absoluta no Vietnã cai para um terço em catorze anos



Hoa Binh é uma província montanhosa no nordeste do Vietnã. A capital, de mesmo nome, fica a 63 quilômetros de Hanói. Ali foi travada uma das batalhas mais importantes da guerra de independência contra os franceses. As tropas do general Vo Nguyen Giap expulsaram os colonizadores em fevereiro de 1952.

Mas os feitos militares não contam toda a história local. A província é uma das mais pobres do Vietnã. A renda per capita não ultrapassa os 300 dólares anuais. As terras de Hoa Binh são pouco férteis e irregulares. Os moradores, na maioria de etnia muong, sobrevivem com dificuldades.

A camponesa Dinh Thi Sy, 51 anos, vive na comuna de Xom Mo, composta por duas aldeias pequenas e habitada por 700 agricultores. Viúva, abriga em casa o filho e sua esposa, além de dois netos. Quando começou o período de renovação, a família recebeu mil metros quadrados descontínuos para plantar arroz. A duras penas, produzem para subsistência.

Breno Altman/Opera Mundi

A camponesa Dinh Thi Sy e sua neta produzem varetas de bambu para as indústria locais

Para complementar renda, desenvolvem uma modesta lavoura de bambu em terra pública cedida pela comuna. Vendem o miolo da planta como alimento e da casca extraem varetas para as indústrias que fabricam palitos de dente. Mesmo assim, o dinheiro não é suficiente.

O filho de Sy está empregado em uma pedreira. A nora está cumprindo um contrato de trabalho em Taiwan, de três anos. Aliás, como outros centenas de milhares, que são escolhidos pelo governo entre os mais pobres, contratados para suprir demanda por mão de obra em outros países.

Mas a camponesa acha que a vida está melhor. “Depois da guerra, passamos fome”, lembra Sy. “Durante anos trabalhamos em uma cooperativa sem receber nem para a comida. Agora tenho casa e televisão. E posso pagar pelos estudos de meus netos, para que eles possam ter melhores chances de progredir”.

As peripécias dessa sorridente muong fazem parte da trajetória de muitos vietnamitas nas últimas décadas. As dificuldades são imensas. Mas o prolongado ciclo de crescimento econômico, depois das reformas realizadas no final dos anos 1980, criou um clima de prosperidade.

Números

Os números ajudam a entender essa situação. Enquanto a miséria extrema (menos de 1 dólar por dia) despencou de 53% para 12,3% nos primeiros 20 anos de dao moi (renovação, em vietnamita), a pobreza absoluta (menos de 2 dólares por dia) caiu de 58% para 22% entre 1993 e 2007. O Vietnã apresenta, portanto, proporção de pobreza máxima semelhante ao Brasil (com 20%). Os dados são do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

Breno Altman/Opera Mundi

Hoa Binh: choupana típica, de madeira e bambu, em uma das zonas mais pobres do pais

Mais de 90% da população adulta é alfabetizada. O índice de mortalidade infantil situa-se em 22,26 natimortos por mil. Novamente dados muito parecidos com os brasileiros. Mas a expectativa de vida ao nascer, de 74 anos, é quase 3% superior. São indicadores, enfim, de um país que já se encontra entre as nações com grau médio de desenvolvimento. Com a diferença que nenhum outro sócio desse clube teve trinta anos de guerra nos últimos sessenta.

Apesar da abertura à economia de mercado, o nível de concentração da renda – medido pelo índice Gini, que registra a distribuição da renda familiar – o situa na 78ª posição no ranking da desigualdade. Está melhor que Brasil (10º lugar), Rússia (53º) e China (54º), os três grandes do quarteto BRIC. E apenas um posto pior que a Índia.

O programa mais importante para esses resultados talvez tenha sido a reforma agrária, que aumentou a produtividade e a renda no campo. Também contra a tradição, da maioria das famílias, inclusive nas cidades, de plantar parte do que come. O ritmo de industrialização foi igualmente decisivo: gerou empregos e salários para milhões de camponeses sem perspectiva na atividade rural.

O processo de urbanização atualmente atinge a taxa de 3% ao ano sobre o total da população. Vinte e oito por cento dos vietnamitas já vivem nas cidades. Alguns fatos curiosos decoram essa transição. O Vietnã é o 11º país em número de telefones fixos, o 13º em celulares e o 18º em acesso à internet. Não é pouca coisa.

Saúde e educação

Mas as reformas também trouxeram malefícios sociais. Os serviços de educação e saúde, antes públicos e gratuitos, passaram a cobrar parcialmente dos usuários, além de portas terem sido abertas à iniciativa privada.

“O orçamento do Estado não suporta manter integralmente a gratuidade desses direitos e os programas de desenvolvimento”, explica Dinh Duang Thi, assessor teórico da direção do Partido Comunista. “Adotamos um sistema misto, que protege os mais pobres e cobra dos mais ricos.”

Breno Altman/Opera Mundi

Dinh Duang Thi, do Partido: “Sistema de saúde e
educação misto, para proteger os pobres e cobrar os ricos”


O mecanismo é de anuidade progressiva. Quem estuda em escolas estatais não paga nada até o fim do ensino primário. Mas é obrigado a arcar com 10% das despesas escolares depois disso, até completar o ensino secundário. A mensalidade sobe na universidade. O governo oferece créditos educacionais que os alunos deverão honrar depois de ingressados no mercado de trabalho.

A estrutura de saúde segue modelo semelhante. As redes básicas de atendimento médico-hospitalar são gratuitas, mas tratamentos mais sofisticados requerem que o paciente coloque a mão no bolso.

Nem sempre isso é possível. O marido da camponesa Sy, por exemplo, que morreu de câncer no fígado, teve de vender os animais de criação para pagar a conta de médicos e remédios.

Universidades e hospitais privados foram autorizados a funcionar. O governo alega que essa medida desafoga o Estado, pois empresas que operam no Vietnã estariam obrigadas a garantir para os empregados, nessas instituições particulares, tanto educação quanto cuidados médicos. Outra coisa, no entanto, é assegurar que essas companhias cumpram regras e acordos.

Subsídios

O governo tem aumentado consistentemente o orçamento para educação e saúde em relação ao produto interno, declarando o compromisso em sustentar a universalização paulatina dos serviços estatais. Resultados importantes têm sido alcançados. Por exemplo: 93% dos jovens com 15 anos ou mais estão na escola, contra uma média mundial de 84%. Mas, por ora, os esforços estão focados no campesinato.

O Estado subsidia cerca de 90% os planos de aposentadoria e saúde dos agricultores, que correspondem a 72% da população nacional. A diferença é paga pelos próprios camponeses. Geralmente com sacrifício, que muitas vezes é insuficiente para mantê-los em dia com o sistema de seguridade social.

Outro problema social grave são os mutilados de guerra e descendentes. Quase cinco milhões de vietnamitas, nessas condições, estão parcial ou totalmente impedidos de trabalhar. Centros humanitários disseminam-se por todo o território, apoiados por campanhas permanentes de solidariedade. Trabalham nesses locais as famílias vitimadas pela guerra, que produzem artesanato e roupas cujas vendas complementam a pensão paga pelo Estado.

Próximas batalhas

As dificuldades de transpor certos obstáculos no combate à miséria têm levado os vietnamitas a estudar projetos para transferência de renda, como o Bolsa Família brasileiro. Alguns de seus especialistas acham que seria um caminho possível para atender as minorias étnicas, que vivem em zonas inóspitas ao desenvolvimento econômico e respondem por um terço da pobreza absoluta.

No final de abril, uma missão de estudos da Academia de Ciências Sociais do Vietnã visitou a cidade de Formosa, em Goiás, para conhecer uma experiência concreta de implantação do programa. Levaram para casa novas ideias, que talvez orientem as próximas batalhas sociais.

Aliás, batalhas que têm sido vitoriosas. Em 1990, a ONU fixou a meta de reduzir a miséria pela metade até 2015. A decisão foi ratificada, em 2000, pela Declaração do Milênio. O Vietnã terminou sua lição de casa em 2006.

06/05/2010 | Breno Altman | Hanói e Ho Chi Minh
O Opera Mundi publicou, de 30/4 a 7/5, uma série de reportagens sobre os 35 anos do fim da Guerra do Vietnã.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Palavras jogadas ao vento

Sonhei e fui, em um sonho à toa, de palavra e vozes,de falas e sons, comunico enfim com os olhares da vida olhando pra mim. Tão singular e ao mesmo tempo tão plural, de grão de grão de tanta canção, nunca a de se ouvir em vão.
Palavras jogadas ao vento. Daniel

terça-feira, 11 de maio de 2010

Sentido

Em noite de lua escondida, sozinho em meio a um canto escuro, me lembro da ausência que passava por ali. belo e incerto, momento do respiro de uma lembrança.
(Daniel)

domingo, 9 de maio de 2010

Dia das Mães

Por Vinícius Lopes de Souza

Muitos comemoram o dia das mães todos os anos no mês de maio.
Surgem várias questões, quando surgiu o dia das mães? Porque surgiu?
Como começou essa comemoração?
O Dia das Mães também designado de Dia da mãe teve a sua origem no princípio do século XX, quando uma jovem norte-americana, Annie Jarves, perdeu sua mãe e entrou em completa depressão. Preocupadas com aquele sofrimento, algumas amigas tiveram a idéia de perpetuar a memória da mãe de Annie com uma festa. Annie quis que a homenagem fosse estendida a todas as mães, vivas ou mortas. Em pouco tempo, a comemoração e conseqüentemente o Dia das Mães se alastrou por todos os Estados Unidos e, em 1914, sua data foi oficializada pelo presidente Woodrow Wilson: dia 9 de maio.
O próximo registro está no início do século XVII, quando a Inglaterra começou a dedicar o quarto domingo da Quaresma às mães das operárias inglesas. Nesse dia, as trabalhadoras tinham folga para ficar em casa com as mães. Era chamado de "Mothering Day", fato que deu origem ao "mothering cake", um bolo para as mães que tornaria o dia ainda mais festivo.
No Brasil, em 1932, o então presidente Getúlio Vargas oficializou a data no segundo domingo de maio. Em 1947, Dom Jaime de Barros Câmara, Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, determinou que essa data fizesse parte também no calendário oficial da Igreja Católica.
Atualmente, observando a mídia, e como ela se apropria do significado do dia das mães, percebi que não se comemora o Dia das Mães, mas sim um dia em que as vendas e o consumo aumenta consideravelmente. A mídia cria, recria e reforça todos os anos a ideologia consumista que resume a mãe numa mercadoria, vemos propagandas todos os dias que dizem que a mãe só vai ser feliz se usar determinado tipo de roupa, se usar tal perfume, vai ser mais mãe se usar tal produto, substituindo a subjetividade do amor por uma lógica de mercado, excluindo o verdadeiro significado da mãe no qual Ronaldo Moraes da Silva ilustra muito bem em seu poema.

Mãe

É a verdadeira expressão de amor
Percebemos isso nos seus gestos do dia–a–dia 
As palavras de carinho, os cuidados e o seu calor 
Tudo nos faz sentir especial e viver com alegria.
Recebeu de Deus a missão de dar a luz
Num ato de doação o seu corpo passa por transformações 
Embora correndo risco de vida, tem sempre a proteção de Jesus 
Para que a humanidade perpetue por várias gerações.

O seu sorriso é sempre repleto de ternura 
Por mais que estejamos tristes, sabe nos alegrar 
A fim de eliminar da nossa alma qualquer amargura.

Para a mãe, filho é para a eternidade.
Preocupa-se com cada passo que vai dar
Porque é a guardiã de toda nossa felicidade.

É aquela que ri o nosso riso
E chora a nossa dor
E nos diz a verdade que dói
E nos ameniza a dor que rói
É aquela que nos presta atenção
E nos dá a solução.



Feliz dia das Mães.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

DEUS vê e conhece: a Onisciência Divina.

"Onisciência" significa "conhecer todas as coisas". Os olhos de DEUS estão em toda parte (Jó 24.23_Ele lhes dá descanso, e nisso se estribam; os olhos de DEUS estão nos caminhos deles), e ele sonda todos os corações, bem como observa os caminhos de cada um (1Sm 16.7_Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei, porque o SENHOR não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração.) __em outras palavras, Ele sabe tudo e conhece a todos todo o tempo. Conhece o futuro não menos que o passado e o presente e conhece eventos possíveis que nunca acontecem não menos do que os eventos que, de fato, ocorrem (1Sm 23.9-13_ Sabedor, porém, Davi de que Saul maquinava o mal contra ele, disse a Abiatar, sacerdote: Traze aqui a estola sacerdotal. Orou Davi: Ó SENHOR, DEUS de Israel, teu servo ouviu que Saul, de fato, procura vir a Queila, para destruir a cidade por causa de mim. Entregar-me-ão os homens de Queila nas mãos dele? Descerá Saul, como teu servo ouviu? Ah! SENHOR, DEUS de Israel, faze-o saber ao teu servo. E disse o SENHOR: Descerá. Perguntou-lhe Davi: Entregar-me-ão os homens de Queila, a mim e aos meus servos, nas mãos de Saul? Respondeu o SENHOR: Entregarão. Então, se dispôs Davi com os seus homens, uns seiscentos, saíram de Queila e se foram sem rumo certo. Sendo anunciado a Saul que Davi fugira de Queila, cessou de perseguí-lo.). DEUS não precisa buscar informações a respeito das coisas, como um computador recupera um arquivo; todo o seu conhecimento está imediata e diretamente diante dEle. Os escritores bíblicos se mostram espantados com a capacidade da mente de DEUS com respeito a tudo isso (Sl 139.1-6_Senhor, Tu me sondas e me conheces. Sabes quando me assento e me levanto; de longe penetras os meus pensamentos. Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar e conheces todos os meus caminhos. Ainda a palavra não me chegou a língua, e Tu, SENHOR, já a conheces toda. Tu me cercas por trás e por diante e sobre mim pões a mão. Tal conhecimento é maravilhoso demais pra mim: é sobre-modo elevado, não o posso atingir.).
O conhecimento de DEUS está ligado a sua soberania: ele conhece todas as coisas, porque ele as criou, sustenta-as e as faz funcionar a todo o momento, de acordo com o seu plano (Ef 1.11_nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade.). A idéia de que DEUS poderia conhecer e pré-conhecer todas as coisas, sem controlar tudo, não é só anti-escriturística como também ilógica.
Os crentes são encorajados pela Onisciência de DEUS, porque ela lhes assegura que todas as coisas a respeito deles são conhecidas por Aquele que os ama e não descuidará de coisa alguma que lhes diga respeito (Is 4.27-31_Por que, pois, dizes, ó Jacó, e falas, ó Israel: o meu caminho está encoberto ao SENHOR, e o meu direito passa despercebido ao meu DEUS? Não sabes, não ouviste o que o eterno DEUS, o SENHOR, o Criador dos fins da Terra, nem se cansa, nem se fadiga?Não se pode esquadrinhar o seu entendimento. Faz forte ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. Os jovens se cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem, mas os que esperam no SENHOR renovam suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam.). Para o descrente, a verdade do conhecimento universal de DEUS deve trazer terror, porque se constitui uma advertência de que ninguém pode esconder-se ou esconder de DEUS seus pecados (Sl 139.7-12_Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da Tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo asas de alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me sustentará. Se eu digo: as trevas, com efeito, me encobrirão, e a luz ao redor de mim se fará noite, até as próprias trevas não te serão escuras: as trevas e a luz são a mesma coisa.).