sexta-feira, 28 de maio de 2010

Insônia

Bom esse é meu primeiro post aqui no blog espero que gostem dele.

Considerando que oito horas de sono são o ideal para uma pessoa, quase oito horas de sono devem ser quase o ideal. É lógico. Então, se eu conseguir dormir até a meia-noite e acordar amanhã às sete e vinte, está ótimo. Ou quase ótimo. Vou acordar feliz, bem-disposta, capaz, praticamente recuperada. Se eu dormir até a meia-noite. Ainda tenho cinco minutos. Cinco minutos é tempo de sobra pra uma pessoa pegar no sono, quer ver? Vou pegar no sono em cinco minutos. Boa noite. Estou quase dormindo. Quase. Dormi. Não dormi? Acho que não. Mas vou dormir agora. Senão os pensamentos começam a entrar na minha cabeça e aí, minha filha, nunca mais. Um pensamento puxa outro, que puxa outro, parece até que pensamento tem corda. O negócio é não deixar entrar o primeiro, tá vendo? Foi só começar a pensar em não pensar e quando eu vi já estava pensando em pensamento com corda. E de corda pra acorda é um pulo. E é melhor eu não pensar em acordar senão eu não consigo dormir. E eu preciso estar inteira amanhã. Ou vai ser uma tragédia. Calma, também não é assim. Ainda tenho cinco minutos pra pegar no sono. Se bem que agora já não faltam mais cinco, quantos minutos se passaram até agora? Esquece e dorme. Boa noite. Dormi. Não dormi? Se eu tivesse dormido não estaria pensando se dormi ou não dormi. Estaria dormindo. Isso prova que não dormi ainda. Amanhã vou acordar um lixo. E tenho um dia dificílimo pela frente, com uma lista enorme de coisas pra resolver: vinte minutos de meditação ao acordar, ginástica às oito, reunião às dez em ponto, consertar o carburador do carro, desmarcar o dentista, comprar tinta pra impressora, ligar pro Geraldo, esquece o Geraldo e dorme. Você já trancou a porta, já fechou o gás, já tomou seu banho, já foi à cozinha, já bebeu seu leitinho quente, já pensou em quantas calorias tem um copo de leite, você já se preocupou demais por hoje. Você precisa dormir. Isso. Eu preciso dormir. Então, boa noite. Tem certeza de que eu tranquei a porta? Tranquei, sim. Fechou o gás? Claro. Não lembra? Logo depois do banho. Fechei o gás, fui à cozinha, bebi meu leitinho quente, quantas calorias tem um copo de leite? Eu não devia ter botado açúcar pra depois não ficar culpada. Depois eu fico culpada. Agora eu vou dormir. Já me preocupei demais por hoje, e amanhã, não, eu não vou pensar no que tenho de fazer amanhã. Tenho um dia dificílimo pela frente, com uma lista de coisas pra resolver, e se eu não dormir até meia-noite e meia, uma hora, vou terminar pulando a meditação. É uma opção. Faço ginástica às oito e de lá vou direto pra reunião às dez em ponto no Centro, vou de carro ou vou de táxi? Amanhã você resolve isso. Certo. Eu resolvo isso amanhã. Boa noite. Mas eu já tenho coisas demais pra resolver amanhã, assim não vai dar tempo. Será que não é melhor ir pro Centro de táxi pra poder ir resolvendo outras coisas no caminho? Está resolvido. Amanhã eu resolvo o resto. Boa noite. Se eu conseguir dormir até uma e meia e acordar às nove, já está bom. Pulo a meditação, falto à ginástica, pego um táxi pro Centro e aí só falta resolver o resto da vida. Mas eu tenho o dia inteiro pra resolver tudo. Ligar pro Geraldo, terminar o relatório, passar no supermercado, chamar o homem da televisão, esquece o homem da televisão e dorme. Já deve ser bem mais de uma. Olho o relógio ou não olho? Se eu olhar e for muito tarde, vou ficar nervosa. Mas se eu não olhar vou ficar imaginando que é mais tarde do que é na verdade e fico mais nervosa ainda. Esquece o relógio e dorme. Boa noite. Não vou pensar em amanhã, não vou pensar em hoje, não vou pensar nas horas, não vou pensar em nada. Nadinha. Um nada absoluto. Pensar em nada é pensar em alguma coisa? Olha aí eu pensando de novo. É por isso que não durmo. Durmo, sim. Quer ver? Vou contar carneirinhos. Um carneiro, dois carneiros, três carneiros, quatro carneiros, pronto, agora o quinto carneiro enganchou e não quer entrar no meu pensamento. Vem, carneiro. Por favor. Tá fazendo o que aí fora? Arranjou uma namorada, foi? Então já são mais dois carneiros, ele e a namorada, fora os filhotinhos que eles podem ter, olha só que maravilha, vão ser não sei quantos carneirinhos pra contar. Vou dormir na hora. Venham, carneiros. Um de cada vez. Podem entrar. Esses carneiros estão de implicância comigo. Estou começando a me irritar. Daqui a pouco cometo um carneiricídio. Assim que eles entrarem. O problema é que eles não entram. Esquece os carneiros e dorme. Será que, se eu pensar em capim, os carneiros entram pra comer o capim? Capim. Capim. Carneiro come capim? Esquece o capim e dorme. Já devem ser quase duas e você aí acordada. Amanhã vai estar um lixo. Eu não vou estar um lixo amanhã pela simples razão de que vou dormir agora, quer ver? Boa noite, dormi, não dormi?, ainda não. Mas vou dormir imediatamente. É só não pensar em amanhã porque amanhã eu tenho um dia dificílimo pela frente com uma lista de coisas pra resolver: chamar o homem da televisão, comprar queijo ralado, dar uma passadinha no laboratório pra buscar os exames, descobrir se carneiro come capim, não acredito que já é de madrugada e eu estou aqui pensando em capim, esquece os pensamentos e dorme, vou dormir, você não pode pensar em amanhã, eu não vou pensar em amanhã, não vou mesmo, de jeito nenhum, amanhã eu tenho um dia dificílimo com uma lista de coisas pra resolver: descobrir se carneiro come capim…

Crônica de Adriana Falcão.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Espaço

No andar pelo espaço em um tour social,
as minhas roupas, falas e gestos,
estampam as cores de uma beleza do caos atual.
Imagens quebradas.
A miséria, a fome em mil esplendores,
no planeta neanderthal.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Nós

Existe perigo na esquina
para aqueles que não venceram o sinal.
Cheiro de sangue no asfalto
lhe conto as coisas que não aprendi.
A esperança no fim, a revolução sem existir.
Atentados humanos viram shows
para aqueles que nunca estão no controle.
Nos tiraram o direito, nunca deram pra nós.


sexta-feira, 14 de maio de 2010

Pobreza absoluta no Vietnã cai para um terço em catorze anos


06/05/2010 | Breno Altman | Hanói e Ho Chi Minh

Pobreza absoluta no Vietnã cai para um terço em catorze anos



Hoa Binh é uma província montanhosa no nordeste do Vietnã. A capital, de mesmo nome, fica a 63 quilômetros de Hanói. Ali foi travada uma das batalhas mais importantes da guerra de independência contra os franceses. As tropas do general Vo Nguyen Giap expulsaram os colonizadores em fevereiro de 1952.

Mas os feitos militares não contam toda a história local. A província é uma das mais pobres do Vietnã. A renda per capita não ultrapassa os 300 dólares anuais. As terras de Hoa Binh são pouco férteis e irregulares. Os moradores, na maioria de etnia muong, sobrevivem com dificuldades.

A camponesa Dinh Thi Sy, 51 anos, vive na comuna de Xom Mo, composta por duas aldeias pequenas e habitada por 700 agricultores. Viúva, abriga em casa o filho e sua esposa, além de dois netos. Quando começou o período de renovação, a família recebeu mil metros quadrados descontínuos para plantar arroz. A duras penas, produzem para subsistência.

Breno Altman/Opera Mundi

A camponesa Dinh Thi Sy e sua neta produzem varetas de bambu para as indústria locais

Para complementar renda, desenvolvem uma modesta lavoura de bambu em terra pública cedida pela comuna. Vendem o miolo da planta como alimento e da casca extraem varetas para as indústrias que fabricam palitos de dente. Mesmo assim, o dinheiro não é suficiente.

O filho de Sy está empregado em uma pedreira. A nora está cumprindo um contrato de trabalho em Taiwan, de três anos. Aliás, como outros centenas de milhares, que são escolhidos pelo governo entre os mais pobres, contratados para suprir demanda por mão de obra em outros países.

Mas a camponesa acha que a vida está melhor. “Depois da guerra, passamos fome”, lembra Sy. “Durante anos trabalhamos em uma cooperativa sem receber nem para a comida. Agora tenho casa e televisão. E posso pagar pelos estudos de meus netos, para que eles possam ter melhores chances de progredir”.

As peripécias dessa sorridente muong fazem parte da trajetória de muitos vietnamitas nas últimas décadas. As dificuldades são imensas. Mas o prolongado ciclo de crescimento econômico, depois das reformas realizadas no final dos anos 1980, criou um clima de prosperidade.

Números

Os números ajudam a entender essa situação. Enquanto a miséria extrema (menos de 1 dólar por dia) despencou de 53% para 12,3% nos primeiros 20 anos de dao moi (renovação, em vietnamita), a pobreza absoluta (menos de 2 dólares por dia) caiu de 58% para 22% entre 1993 e 2007. O Vietnã apresenta, portanto, proporção de pobreza máxima semelhante ao Brasil (com 20%). Os dados são do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

Breno Altman/Opera Mundi

Hoa Binh: choupana típica, de madeira e bambu, em uma das zonas mais pobres do pais

Mais de 90% da população adulta é alfabetizada. O índice de mortalidade infantil situa-se em 22,26 natimortos por mil. Novamente dados muito parecidos com os brasileiros. Mas a expectativa de vida ao nascer, de 74 anos, é quase 3% superior. São indicadores, enfim, de um país que já se encontra entre as nações com grau médio de desenvolvimento. Com a diferença que nenhum outro sócio desse clube teve trinta anos de guerra nos últimos sessenta.

Apesar da abertura à economia de mercado, o nível de concentração da renda – medido pelo índice Gini, que registra a distribuição da renda familiar – o situa na 78ª posição no ranking da desigualdade. Está melhor que Brasil (10º lugar), Rússia (53º) e China (54º), os três grandes do quarteto BRIC. E apenas um posto pior que a Índia.

O programa mais importante para esses resultados talvez tenha sido a reforma agrária, que aumentou a produtividade e a renda no campo. Também contra a tradição, da maioria das famílias, inclusive nas cidades, de plantar parte do que come. O ritmo de industrialização foi igualmente decisivo: gerou empregos e salários para milhões de camponeses sem perspectiva na atividade rural.

O processo de urbanização atualmente atinge a taxa de 3% ao ano sobre o total da população. Vinte e oito por cento dos vietnamitas já vivem nas cidades. Alguns fatos curiosos decoram essa transição. O Vietnã é o 11º país em número de telefones fixos, o 13º em celulares e o 18º em acesso à internet. Não é pouca coisa.

Saúde e educação

Mas as reformas também trouxeram malefícios sociais. Os serviços de educação e saúde, antes públicos e gratuitos, passaram a cobrar parcialmente dos usuários, além de portas terem sido abertas à iniciativa privada.

“O orçamento do Estado não suporta manter integralmente a gratuidade desses direitos e os programas de desenvolvimento”, explica Dinh Duang Thi, assessor teórico da direção do Partido Comunista. “Adotamos um sistema misto, que protege os mais pobres e cobra dos mais ricos.”

Breno Altman/Opera Mundi

Dinh Duang Thi, do Partido: “Sistema de saúde e
educação misto, para proteger os pobres e cobrar os ricos”


O mecanismo é de anuidade progressiva. Quem estuda em escolas estatais não paga nada até o fim do ensino primário. Mas é obrigado a arcar com 10% das despesas escolares depois disso, até completar o ensino secundário. A mensalidade sobe na universidade. O governo oferece créditos educacionais que os alunos deverão honrar depois de ingressados no mercado de trabalho.

A estrutura de saúde segue modelo semelhante. As redes básicas de atendimento médico-hospitalar são gratuitas, mas tratamentos mais sofisticados requerem que o paciente coloque a mão no bolso.

Nem sempre isso é possível. O marido da camponesa Sy, por exemplo, que morreu de câncer no fígado, teve de vender os animais de criação para pagar a conta de médicos e remédios.

Universidades e hospitais privados foram autorizados a funcionar. O governo alega que essa medida desafoga o Estado, pois empresas que operam no Vietnã estariam obrigadas a garantir para os empregados, nessas instituições particulares, tanto educação quanto cuidados médicos. Outra coisa, no entanto, é assegurar que essas companhias cumpram regras e acordos.

Subsídios

O governo tem aumentado consistentemente o orçamento para educação e saúde em relação ao produto interno, declarando o compromisso em sustentar a universalização paulatina dos serviços estatais. Resultados importantes têm sido alcançados. Por exemplo: 93% dos jovens com 15 anos ou mais estão na escola, contra uma média mundial de 84%. Mas, por ora, os esforços estão focados no campesinato.

O Estado subsidia cerca de 90% os planos de aposentadoria e saúde dos agricultores, que correspondem a 72% da população nacional. A diferença é paga pelos próprios camponeses. Geralmente com sacrifício, que muitas vezes é insuficiente para mantê-los em dia com o sistema de seguridade social.

Outro problema social grave são os mutilados de guerra e descendentes. Quase cinco milhões de vietnamitas, nessas condições, estão parcial ou totalmente impedidos de trabalhar. Centros humanitários disseminam-se por todo o território, apoiados por campanhas permanentes de solidariedade. Trabalham nesses locais as famílias vitimadas pela guerra, que produzem artesanato e roupas cujas vendas complementam a pensão paga pelo Estado.

Próximas batalhas

As dificuldades de transpor certos obstáculos no combate à miséria têm levado os vietnamitas a estudar projetos para transferência de renda, como o Bolsa Família brasileiro. Alguns de seus especialistas acham que seria um caminho possível para atender as minorias étnicas, que vivem em zonas inóspitas ao desenvolvimento econômico e respondem por um terço da pobreza absoluta.

No final de abril, uma missão de estudos da Academia de Ciências Sociais do Vietnã visitou a cidade de Formosa, em Goiás, para conhecer uma experiência concreta de implantação do programa. Levaram para casa novas ideias, que talvez orientem as próximas batalhas sociais.

Aliás, batalhas que têm sido vitoriosas. Em 1990, a ONU fixou a meta de reduzir a miséria pela metade até 2015. A decisão foi ratificada, em 2000, pela Declaração do Milênio. O Vietnã terminou sua lição de casa em 2006.

06/05/2010 | Breno Altman | Hanói e Ho Chi Minh
O Opera Mundi publicou, de 30/4 a 7/5, uma série de reportagens sobre os 35 anos do fim da Guerra do Vietnã.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Palavras jogadas ao vento

Sonhei e fui, em um sonho à toa, de palavra e vozes,de falas e sons, comunico enfim com os olhares da vida olhando pra mim. Tão singular e ao mesmo tempo tão plural, de grão de grão de tanta canção, nunca a de se ouvir em vão.
Palavras jogadas ao vento. Daniel

terça-feira, 11 de maio de 2010

Sentido

Em noite de lua escondida, sozinho em meio a um canto escuro, me lembro da ausência que passava por ali. belo e incerto, momento do respiro de uma lembrança.
(Daniel)

domingo, 9 de maio de 2010

Dia das Mães

Por Vinícius Lopes de Souza

Muitos comemoram o dia das mães todos os anos no mês de maio.
Surgem várias questões, quando surgiu o dia das mães? Porque surgiu?
Como começou essa comemoração?
O Dia das Mães também designado de Dia da mãe teve a sua origem no princípio do século XX, quando uma jovem norte-americana, Annie Jarves, perdeu sua mãe e entrou em completa depressão. Preocupadas com aquele sofrimento, algumas amigas tiveram a idéia de perpetuar a memória da mãe de Annie com uma festa. Annie quis que a homenagem fosse estendida a todas as mães, vivas ou mortas. Em pouco tempo, a comemoração e conseqüentemente o Dia das Mães se alastrou por todos os Estados Unidos e, em 1914, sua data foi oficializada pelo presidente Woodrow Wilson: dia 9 de maio.
O próximo registro está no início do século XVII, quando a Inglaterra começou a dedicar o quarto domingo da Quaresma às mães das operárias inglesas. Nesse dia, as trabalhadoras tinham folga para ficar em casa com as mães. Era chamado de "Mothering Day", fato que deu origem ao "mothering cake", um bolo para as mães que tornaria o dia ainda mais festivo.
No Brasil, em 1932, o então presidente Getúlio Vargas oficializou a data no segundo domingo de maio. Em 1947, Dom Jaime de Barros Câmara, Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, determinou que essa data fizesse parte também no calendário oficial da Igreja Católica.
Atualmente, observando a mídia, e como ela se apropria do significado do dia das mães, percebi que não se comemora o Dia das Mães, mas sim um dia em que as vendas e o consumo aumenta consideravelmente. A mídia cria, recria e reforça todos os anos a ideologia consumista que resume a mãe numa mercadoria, vemos propagandas todos os dias que dizem que a mãe só vai ser feliz se usar determinado tipo de roupa, se usar tal perfume, vai ser mais mãe se usar tal produto, substituindo a subjetividade do amor por uma lógica de mercado, excluindo o verdadeiro significado da mãe no qual Ronaldo Moraes da Silva ilustra muito bem em seu poema.

Mãe

É a verdadeira expressão de amor
Percebemos isso nos seus gestos do dia–a–dia 
As palavras de carinho, os cuidados e o seu calor 
Tudo nos faz sentir especial e viver com alegria.
Recebeu de Deus a missão de dar a luz
Num ato de doação o seu corpo passa por transformações 
Embora correndo risco de vida, tem sempre a proteção de Jesus 
Para que a humanidade perpetue por várias gerações.

O seu sorriso é sempre repleto de ternura 
Por mais que estejamos tristes, sabe nos alegrar 
A fim de eliminar da nossa alma qualquer amargura.

Para a mãe, filho é para a eternidade.
Preocupa-se com cada passo que vai dar
Porque é a guardiã de toda nossa felicidade.

É aquela que ri o nosso riso
E chora a nossa dor
E nos diz a verdade que dói
E nos ameniza a dor que rói
É aquela que nos presta atenção
E nos dá a solução.



Feliz dia das Mães.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

DEUS vê e conhece: a Onisciência Divina.

"Onisciência" significa "conhecer todas as coisas". Os olhos de DEUS estão em toda parte (Jó 24.23_Ele lhes dá descanso, e nisso se estribam; os olhos de DEUS estão nos caminhos deles), e ele sonda todos os corações, bem como observa os caminhos de cada um (1Sm 16.7_Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei, porque o SENHOR não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração.) __em outras palavras, Ele sabe tudo e conhece a todos todo o tempo. Conhece o futuro não menos que o passado e o presente e conhece eventos possíveis que nunca acontecem não menos do que os eventos que, de fato, ocorrem (1Sm 23.9-13_ Sabedor, porém, Davi de que Saul maquinava o mal contra ele, disse a Abiatar, sacerdote: Traze aqui a estola sacerdotal. Orou Davi: Ó SENHOR, DEUS de Israel, teu servo ouviu que Saul, de fato, procura vir a Queila, para destruir a cidade por causa de mim. Entregar-me-ão os homens de Queila nas mãos dele? Descerá Saul, como teu servo ouviu? Ah! SENHOR, DEUS de Israel, faze-o saber ao teu servo. E disse o SENHOR: Descerá. Perguntou-lhe Davi: Entregar-me-ão os homens de Queila, a mim e aos meus servos, nas mãos de Saul? Respondeu o SENHOR: Entregarão. Então, se dispôs Davi com os seus homens, uns seiscentos, saíram de Queila e se foram sem rumo certo. Sendo anunciado a Saul que Davi fugira de Queila, cessou de perseguí-lo.). DEUS não precisa buscar informações a respeito das coisas, como um computador recupera um arquivo; todo o seu conhecimento está imediata e diretamente diante dEle. Os escritores bíblicos se mostram espantados com a capacidade da mente de DEUS com respeito a tudo isso (Sl 139.1-6_Senhor, Tu me sondas e me conheces. Sabes quando me assento e me levanto; de longe penetras os meus pensamentos. Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar e conheces todos os meus caminhos. Ainda a palavra não me chegou a língua, e Tu, SENHOR, já a conheces toda. Tu me cercas por trás e por diante e sobre mim pões a mão. Tal conhecimento é maravilhoso demais pra mim: é sobre-modo elevado, não o posso atingir.).
O conhecimento de DEUS está ligado a sua soberania: ele conhece todas as coisas, porque ele as criou, sustenta-as e as faz funcionar a todo o momento, de acordo com o seu plano (Ef 1.11_nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade.). A idéia de que DEUS poderia conhecer e pré-conhecer todas as coisas, sem controlar tudo, não é só anti-escriturística como também ilógica.
Os crentes são encorajados pela Onisciência de DEUS, porque ela lhes assegura que todas as coisas a respeito deles são conhecidas por Aquele que os ama e não descuidará de coisa alguma que lhes diga respeito (Is 4.27-31_Por que, pois, dizes, ó Jacó, e falas, ó Israel: o meu caminho está encoberto ao SENHOR, e o meu direito passa despercebido ao meu DEUS? Não sabes, não ouviste o que o eterno DEUS, o SENHOR, o Criador dos fins da Terra, nem se cansa, nem se fadiga?Não se pode esquadrinhar o seu entendimento. Faz forte ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. Os jovens se cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem, mas os que esperam no SENHOR renovam suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam.). Para o descrente, a verdade do conhecimento universal de DEUS deve trazer terror, porque se constitui uma advertência de que ninguém pode esconder-se ou esconder de DEUS seus pecados (Sl 139.7-12_Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da Tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo asas de alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me sustentará. Se eu digo: as trevas, com efeito, me encobrirão, e a luz ao redor de mim se fará noite, até as próprias trevas não te serão escuras: as trevas e a luz são a mesma coisa.).

Para reflexão, Matéria da Caros Amigos: Grito da Terra, clamor dos povos


Grito da Terra, clamor dos povos
 
Por Frei Betto
Os gregos antigos já haviam percebido: Gaia, a Terra, é um organismo vivo. E dela somos frutos, gerados em 13,7 bilhões de anos de evolução. Porém, nos últimos 200 anos, não soubemos cuidar dela e a transformamos em mercadoria, da qual se procura obter o máximo de lucro.
Hoje, a Terra perdeu 30% de sua capacidade de autorregeneração. Somente através de intervenção humana ela poderá ser recuperada. Nada indica, contudo, que os governantes das nações mais ricas estejam conscientes disso. Tanto que sabotaram a Conferência Ecológica de Copenhague, em dezembro de 2009.
A Terra, que deve possuir alguma forma de inteligência, decidiu expressar seu grito de dor através do vulcão da Islândia, exalando a fumaça tóxica que impediu o tráfego aéreo na Europa Ocidental, causando prejuízo de US$ 1,7 bilhão.
Em reação ao fracasso de Copenhague, Evo Morales, presidente da Bolívia, convocou, para os dias 19 a 23 de abril, a Conferência Mundial dos Povos sobre a Mudança Climática e os Direitos da Mãe Terra. Esperavam-se duas mil pessoas. Chegaram 30 mil, provenientes de 129 países! O sistema hoteleiro da cidade entrou em colapso, muitos tiveram de se abrigar em quartéis.
A Bolívia é um caso singular no cenário mundial. Com 9 milhões de habitantes, é o único país plurinacional, pluricultural e pluriespiritual governado por indígenas. Aymaras e quéchuas têm com a natureza uma relação de alteridade e complementaridade. Olham-na como Pachamama, a Mãe Terra, e o Pai Cosmo.
Líderes indígenas e de movimentos sociais, especialistas em meio ambiente e dirigentes políticos, ao expressar o clamor dos povos, concluíram que a vida no Planeta não tem salvação se perseverar essa mentalidade produtivista-consumista que degrada a natureza. Inútil falar em mudança do clima se não houver mudança de sistema. O capitalismo é ontologicamente incompatível com o equilíbrio ecológico.
Todas as conferências no evento enfatizaram a importância do aprender com os povos indígenas, originários, o sumak kawsay, expressão quéchua que significa “vida em plenitude”. É preciso criar “outros mundos possíveis” onde se possa viver, não motivado pelo mito do progresso infindável, e sim com plena felicidade, em comunhão consigo, com os semelhantes, com a natureza e com Deus.
Hoje, todas as formas de vida no Planeta estão ameaçadas, inclusive a humana (2/3 da população mundial sobrevivem abaixo da linha da pobreza) e a própria Terra. Evitar a antecipação do Apocalipse exige questionar os mitos da modernidade - como mercado, desenvolvimento, Estado uninacional - todos baseados na razão instrumental.
A conferência de Cochabamba decidiu pela criação de um Tribunal Internacional de Justiça Climática, capaz de penalizar governos e empresas vilões, responsáveis pela catástrofe ambiental. Cresce em todo o mundo o número de migrantes por razões climáticas. É preciso, pois, conhecer e combater as causas estruturais do aquecimento global.
Urge desmercantilizar a vida, a água, as florestas, e respeitar os direitos da Mãe Terra, libertando-a da insaciável cobiça do deus Mercado e das razões de Estado (como é o caso da hidrelétrica de Belo Monte, no Xingu).
Os povos originários sempre foram encarados por nós, cara-pálidas, como inimigos do progresso. Ora, é a nossa concepção de desenvolvimento que se opõe a eles, e ignora a sabedoria de quem faz do necessário o suficiente e jamais impede a reprodução das espécies vivas. Temos muito a aprender com aqueles que possuem outros paradigmas, outras formas de conhecimento, respeitam a diversidade de cosmovisões, sabem integrar o humano e a natureza, e praticam a ética da solidariedade.
Cochabamba é, agora, a Capital Ecológica Mundial. Sugeri ao presidente Evo Morales reeditar a conferência, a exemplo do Fórum Social Mundial, porém mantendo-a sempre na Bolívia, onde se desenrola um processo social e político genuíno, singular, em condições de sinalizar alternativas à atual crise da civilização hegemônica. O próximo evento ficou marcado para 2011.
Pena que o governo brasileiro não tenha dado a devida importância ao evento, nem enviado qualquer representante. A exceção foi o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), que representou a Câmara dos Deputados.
Frei Betto é escritor, autor, em parceria com Marcelo Barros, de O amor fecunda o Universo – ecologia e espiritualidade (Agir), entre outros livros. http://www.freibetto.org

Em construção

Olá, a Sociedade dos Poetas Calados está em fase de construção.
Para você que gosta de colocar suas reflexões em texto, aqui é o lugar para socializa-las, para que todos possam refletir, sugerir, discutir sobre as idéias.   
Obrigado.