sexta-feira, 17 de junho de 2011

A Solidão - A menina-moça, a metrópole e o telefone.

A porta fechada é aberta e logo batida pelo vento... um suspiro profundo espande-se no quarto, a luz do quarto acesa, novamente um pronfudo suspiro perde-se no silêncio [...]. As mãos finas e leves retiram o telefone do gancho [...]. Espera um momento - pensa - solta um novo suspiro e deita o fone no gancho. Por um momento com a cabeça entre os joelhos chorou. Um choro calado e pesado [...]. Passado algum tempo ali com o corpo despido, o rosto vermelho e marcado pelas lágrimas passa suas mãos leves pelo cabelo e resolve tomar um banho quente. O vapor d'água sobe pelo vidro do boxe do banheiro, não permitindo que as formas do seu corpo fosse perceptível impedindo as lágrimas de seu rosto de serem visualizadas. tendo o som da água ao cair sobre o seu corpo abafando os soluços de seu choro. Durante uns quarenta minutos debaixo da ducha o seu telefone toca repitidas vezes, mas é impedido de ser escutado pelo vidro do boxe e acaba por se calar. A água da ducha para de cair, a porta do boxe abre-se, a do banheiro também saindo com o corpo todo envolto pela toalha e os cabelos úmidos ainda a pingar aguá. Ao sair do banho o telefone toca novamente forçando-a a correr em sua direção, deixando a toalha cair no chão de tacos e molhando o chão com o balançar de seus cabelos, com a respiração ofegante retira o fone do gancho e fala com sua voz rouca pelo muito chorar, e espera [...]. - É você? -, ela pergunta para a voz muda do outro lado da linha, o silêncio faz-se mister no diálogo ( monólogo) mudo entre as duas pessoas, quando novamente ela pergunta um pouco mais calma, mas fria, com a voz pastosa, - É você? Se for, por que está ligando para mim, o que você quer? tudo acabou entre nós, não temos mais nada, eu lhe disse! -. A voz do outro lado da linha permanecia muda, e misteriosa, a fragilidade da jovem menina-moça que era estampada no muito chorar de seus olhos já não condizia com sua rudeza e força que expressava. A voz muda permanece calada, e por fim o único som que ouvi-se do fone é o eco das batidas compassadas de uma ligação desligada. Ela ainda permece alguns segundos com o fone no ouvido, após isso ela abaixa-o juntamente com sua mão apoiando-a em seus joelhos, e não aguentando permite que vagarosamente filetes de lágrimas brotassem de seus olhos vermelhos de tanto chorar, apoia o fone no gancho, e com o rosto entre as palmas de suas mãos desata a chorar, e em soluços profundos, como de criança, como de morte, seu choro escorre entre seus dedos. Seu corpo desaba sobre a cama, seu rosto escondido no trabeceiro chora, chora, molhando o pano. A luz do quarto é desligada, seu corpo prostado na cama de bruço chora [...] e a noite vai passando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

<b

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.